
Saio a correr de mim...
Esbarro no cansaço do caminho de sempre.
Olho através do espelho o que resta do rosto a preto e branco.
Roubaram a paleta de cores, pela demora a pintar o quadro perfeito.
Abri a gaveta e voltei ao carvão de todos os dias, traços esbatidos,
pequenos esboços do que poderá ser.
A tinta escorre sem cor, cansada,
percorre-me os dedos despidos, pára no mapa das mãos.
Beija a linha da vida, mergulha na do coração, sente o bater regular do amor.
Então a tinta pinga para o chão, pegadas de esperança a soprar na minha direcção.
Corro, corro para não deixar rasto.
Os meus passos denunciam-me na fuga, manchados de cor, que me empurram em direcção à luz,que nem sempre vejo, mas que está lá.
1 comentário:
Este texto que escreves merece mil e um comentários, mas todas as palavras não chegam para encher de tinta esse teu balde enorme...um balde de todas as cores no qual não te vês, mas que é teu...que tal juntares a cor transparente com outra cor qualquer? Mexe bem, e verás novas cores a surgirem...
Gostei muito do poema!
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