terça-feira, 23 de outubro de 2007

(Des)inspiração


Saio a correr de mim...

Esbarro no cansaço do caminho de sempre.

Olho através do espelho o que resta do rosto a preto e branco.

Roubaram a paleta de cores, pela demora a pintar o quadro perfeito.

Abri a gaveta e voltei ao carvão de todos os dias, traços esbatidos,

pequenos esboços do que poderá ser.

A tinta escorre sem cor, cansada,

percorre-me os dedos despidos, pára no mapa das mãos.

Beija a linha da vida, mergulha na do coração, sente o bater regular do amor.

Então a tinta pinga para o chão, pegadas de esperança a soprar na minha direcção.

Corro, corro para não deixar rasto.

Os meus passos denunciam-me na fuga, manchados de cor, que me empurram em direcção à luz,que nem sempre vejo, mas que está lá.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este texto que escreves merece mil e um comentários, mas todas as palavras não chegam para encher de tinta esse teu balde enorme...um balde de todas as cores no qual não te vês, mas que é teu...que tal juntares a cor transparente com outra cor qualquer? Mexe bem, e verás novas cores a surgirem...
Gostei muito do poema!