terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Novo Ano...

A minha amiga Vanda ofereceu-me pelo Natal o "Poemário 2007", onde no primeiro dia do ano Fernando Pessoa nos brinda assim;

COMEÇA HOJE O ANO

Nada começa: tudo continua.
Onde´stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, flui a água nua.

Vêm de longe,
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias de tempo e do lugar,
É abismo o começo e ausência.

Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade,
Precipício de Deus sobre o momento,

Na curva do amplo céu o dia esfria,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesmo: e verbo o pensamento.

(Fernando Pessoa - Poesia 1918-1930)


É o único momento do ano em que depositamos a ilusão de que o tempo pára, para dar lugar a um novo vir, que há-de ser diferente.

O momento de euforia dá-nos para saltar, com nota na mão ou sem nota, com uma taça na mão de champanhe, 12 passas que nos dão alento de que algures no universo esteja alguém a registar a multidão de pedidos para o novo ano, isto provoca uma fila de desejos, tal qual ic19 em hora de ponta, acho que no universo demoram o ano todo a registar os desejos pedidos naquele curto instante...é por isso que existem desejos que ficam por realizar...Há ainda os que batem os tachos à janela, na tentativa de anunciar que o novo ano já chegou (como se não nos tivessemos já apercebido). Depois da agitação toda (que dura mais ou menos 15 minutos) chegamos à conclusão que olhando à volta está tudo igual, o relógio continua no seu compasso, tudo gira igual. Fica a réstia de esperança de que mude alguma coisa ou não, e então vamos caminhando 365 dias para ver o que está por vir.


Este ano fiz tudo isso, o saltar com o Afonso ao colo, mais a taça e mais as passas. Saltei para um abraço onde me esperavam o André e a Vanda. A parte dos tachos não fizemos (até porque foram oferta da tia Graciete), mas fomos escutá-los para o quintal juntamente com o Lucas, Tito e Mia que olhavam assim sem perceber nada (porque é que estes estão para aqui aos saltos, e tanta gente à janela...).

Este ano não faltou a luz, mas a fotografia recorda a passagem de ano de 2006.
Bom Ano a TODOS

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