Hoje fui personagem num filme, daqueles de verdade...
Fui constituída testemunha em Novembro de 2005, por um desacato familiar no antigo prédio onde eu morava. Quem conhecia o prédio não diria...Repleto de velhotes desde o r/c até ao 3º andar, de tal maneira que nunca se sabia quem estava em casa, se tinha dado o fanico silencioso a algum. Pois bem, confesso que o contexto está descrito da melhor forma... Numa bela noite de Novembro, solta-se a trovoada num dos andares, coisas a partirem-se, melhor, alguém a atirá-las. Uma velhota a gritar "Ó L----- é desta que ele me mata! Socorro!" e nisto olho pelo vão da escada e digno de filme, vejo um homem deitado no chão algemado e dois polícias.
Tendo em conta que estamos em Janeiro de 2008 (3 anos e um filho depois) e com o meu esquecimento precoce e galopante, recordar tais factos revelou-se um exercício ao nível de um sudoku de dificuldade máxima. Entrar na sala de audiência fez-me recordar inúmeros filmes e séries com todo o cenário a rigor...Desde o advogado de defesa do arguido, que parecia um abutre a cobiçar a carne após a presa morrer...Um tótó com um discurso: "se desistir da queixa vamos todos para casa", esquece-se que a senhora ao "ir para casa" teria que levar com o arguido até morrer.
É mesmo como nos filmes, "Declara por sua honra dizer a verdade e nada mais que a verdade?", não havia muito por dizer, tendo em conta a quantidade de dias que se passaram e a distância a que estamos do acontecimento. Olhar nos olhos do arguido foi um momento estranho, uma mistura de lamento com desculpe...Fui interrogada durante um bocadinho, que pareceu horas...Saí da sala a tremer ligeiramente, pelo próprio ambiente, envolto de verdade dura e triste.
Bem, o caso fica na "Balança" até Fevereiro, quando sair a sentença...
3 comentários:
Nao obstante a vizinhança, continuarei a assediar-te para fazermos negócio. Além disso, gosto imenso do género policial!
Estas situações são medonhas, sobretudo quando acabamos arrastados para o centro da "acção"...
Faço votos de que o assunto se resolva com o mínimo de lucro para o advogado.
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