sábado, 19 de abril de 2008

A verdadeira conquista médica de Egas Moniz

Hoje em dia fala-se muito de "Dependências". É um tema recorrente nos media, em congressos, seminários, jornadas, encontros... e toda a espécie de eventos em que se juntam umas quantas pessoas para ouvirem outras falar sobre um assunto. As primeiras ocupam-se mais de bichanar com o vizinho do lado e comentar o conteúdo da pasta oferecida. As segundas muito focadas em cumprir o seu papel linearmente, impulsionadas pelo ganho curricular da sua iniciativa. Agora aqui que ninguém nos ouve, quantas apresentações são verdadeiramente interessantes? Quantas vão um pouco mais além do que chegar à frente de uma audiência e ler um texto que se escreveu em tom monocórdico e para nosso gáudio ir passando no datashow umas fotos com a natureza fantástica da sua terra natal... Ainda bem que temos as pastas. Um conselho aos tímidos: ir a congressos com companhia para bichanar à vontade, não vá ter-se sentado ao lado do único espectador que está realmente a ouvir a comunicação.

É claro que as sessões científicas não são sempre assim. Ocasionalmente aparecem temas relevantes ou prelectores que sabem o que significa falar em público. Bem, a minha má-língua já me fez divagar...



Dependências: um tema contemporâneo. Dependência da droga, do álcool, do tabaco, do jogo, de sexo, de compras, emocional... nem sempre o termo é bem aplicado. Na "Dependência" o organismo só funciona "normalmente" com a presença da substância em causa. É um fenómeno muito mais fisiológico, com alterações genéticas e moleculares a nível neuronal em que o cérebro reage para manter a homeostase. Ou seja, implica a existência de Tolerância e Síndrome de Abstinência. Alguém se lembra do Trainspotting?
Importa então introduzir outro conceito: "Adicção". A Adicção é um comportamento compulsivo mesmo quando conhecemos as consequências nefastas. Há uma diminuição da capacidade inibitória do centro de tomada de decisões - cortex frontal - conduzindo à perda de controle e à opção pelo que proporciona um prazer imediato.

Está tudo dito...

Uma grande ovação ao Sr. Dr. Egas Moniz pela proposta da lobotomia frontal. Ele sabia do que falava quando é preciso remendar corações partidos.

Conheço uma pessoa que vai tentar primeiro a psicoterapia de grupo (de amigos...) mas se não resultar: consulta de neurocirurgia!

1 comentário:

sofia disse...

Temos de nos apressar a arranjar uma substância substituta para a dependência. É assim, "addicted to love"...