segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ligação directa

Dia 20, 21h30, Teatro Maria Matos, em ligação directa a Sérgio Godinho.
Esse cantador de histórias, que não sai de tom, difícil é mesmo acompanhá-lo. Contudo em palco tudo se encaixa, ele e sete preciosos elementos que transformam cada música numa sinfonia de cor. Brilha a comunhão de instrumentos que se erguem tornando cada história mais encantada, mais rica, mais directa. Confessa Sérgio Godinho que a última vez que ali esteve foi em 1978, para além de ainda não ter nascido, confesso que passados quase 30 anos, é um privilégio poder estar na plateia e perceber o quão fantástico é a vida cantada por ele.

Ficam pedaços como a deusa do Amor, às vezes o amor, o rei vai nu, o rei do zum zum, marcha centopeia, não há duas como ela, o velho samurai, só neste país, é terça feira, com um brilhozinho nos olhos, o elixir da eterna juventude...61 anos de mãos abertas, assim é o homem dos 7 instrumentos.

Desejo que em cada dia possa recordar "o primeiro dia":

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A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebem-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

para a Filipa se lembrar em cada hoje

3 comentários:

Anónimo disse...

O S.G. Gigante está bem e aconselha-se vivamente. E, ao contrário do outro, este faz mesmo bem à saúde. E venham mais destes ao Maria Matos: fazem falta aos melómanos que já perderam a veia festivaleira.

Ana Filipa Pinheiro disse...

Fiquei com "um brilhozinho nos olhos"!
Obrigada Amiga!

P.S. Ainda bem que troquei Zambujeira por S.G. Gigante. Neste momento, faz melhor à saúde.

Anónimo disse...

Ai! k inveja k vocês me fizeram!
:(
Estive de olho no concerto mas estava de férias lá pela Malta... De facto, o senhor é um gigante! E "Pode alguém ser quem não é?"
(mas a minha parte favorita desse 'poema' é "pode alguém ser livre se o outro não é? A algema do outro serve-me no pé")
Peixa